quinta-feira, 8 de novembro de 2012

SENHORES ATORES, “SER OU NÃO SER?” NÃO É UMA FRASE, É UMA ANGÚSTIA!


“Ser ou não ser?” É o pensamento mais intimista (na minha visão) da obra de Shakespeare. No entanto, os atores guiados pela primeira leitura do texto - associada à sacralização que envolve o próprio Shakespeare por ser um clássico (ignoram que ele vem do popular mesmo) – propõem invariavelmente ao público a decisão da sua angústia de forma declamatória. Quando, na verdade, ela é só do Hamlet e poderia nem ser exposta verbalmente para a plateia, mas apenas suprimida ou substituída por um olhar e com ele explicitar toda sua dúvida existencial, orgânica e, ao mesmo tempo, prática. Para aí, com o seu atuar, definir por si se é ser ou não ser e não impor esta dúvida que, certamente numa era shakespeareana, dada a sua condição de popular, entraria na arena como um Chacrinha e perguntaria à plateia: “Quem é Ser levanta a mão, agora quem é não Ser levanta a mão”. E declararia em voz alta: “Foi decretado pelo público presente custeador do meu pão diário ooo empate!”. O resultado seria absurdo, tendo qualquer ganhador. Portanto, senhores atores, deixem que os seus personagens Hamlet, tenham por si o prazer da dúvida. O que, em tempos contemporâneos, seria apenas sentida por ele (Hamlet), sem a necessidade da verbalização. O resto é o ator querendo ir além da vida e, portanto, do Teatro, onde só cabe a cada participante a humildade como prazer dos Deuses verdadeiros dos Palcos.

PS.: quase sempre o ator que vai assumir o personagem Hamlet traz para si a responsabilidade de declamar “ser ou não ser?”. Pois saiba este ator que “ser ou não ser?” é apenas uma reflexão e não uma declamação imposta pela sacralização de um Shakespeare, que só queria o aplauso dos amigos na plateia.

Tonico (O Analfabeto que Escreve... Mal)

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