
Eu, com 63 anos, não conseguirei nunca ver o computador, o 3D, com a intimidade que convivi com o rádio, por exemplo, e até mesmo com a televisão. Eu teria que nascer outra vez para conviver com esses avanços tecnológicos, sem embotar meus pensamentos e nem turvar meus olhos. Portanto, recolho-me à incapacidade de me tornar íntimo desses avanços e me abrigo na tribo do “eu sozinho” para trocarmos aspectos de nossa incapacidade, eles simplesmente não existem, talvez extasiados pelo que viram, talvez por não aceitarem que as suas emoções não estejam preparadas, afinal, não podem deixar de ser modernos, mesmo que isso não signifique contemporaneidade. Mas, esperem. Adentra-me a cabeça ou nasce uma certeza: a de que os jovens de hoje, daqui a 50 anos, viverão este mesmo impasse com o qual me deparo hoje diante do moderno (não contemporâneo), e só isso justificaria que cada geração receba o bastão da anterior. Eu fico por aqui, mergulhado na minha incapacidade humana.
Adelante pois, Antonio, Nina, Benjamim e Isa, que está vindo, até o dia em que seus filhos e netos, daqui a mais ou menos, 20, 30, 40, 50 anos os levarem para assistir a uma projeção em que os cheiros das imagens tomarem conta da sala e seus narizes reclamarem com saudade do cheiro do cinema antigo.
Tonico “Passando o Pau” Pereira.
Lindo texto!
ResponderExcluirÉ mesmo uma incógnita. Quanto quero de novo e quanto tenho de saudades?
Quero saber desse Tonico novo(...) e matar as saudades!