O fato é que nos enterros, sendo que,
num deles, o de um ator conhecido na época, não havia ninguém no cemitério.
Minha angústia maior foi quando o pessoal da administração pediu para irmos
embora, porque passaríamos a correr risco de assalto se continuássemos ali.
Saímos desolados, um tanto sem ter o que falar - me recordo constantemente
disso -, até que isso virou uma ideia fixa, morrerei eu um dia e ninguém
comparecerá ao meu enterro? Veio a ideia: por que não promover meu enterro em
vida? Nada material, nada espiritual, apenas intencional e virtual, onde
ninguém seria obrigado a comparecer, mas declararia a intenção de ir se puder
ou estiver passando perto do cemitério e eu, em vida, contabilizaria o número
dos intencionados e viveria tranquilo com a possível presença das pessoas
pedindo bis quando eu fosse enterrado.
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