Desde pequeno, pequeno mesmo, convivo com barbeiros, esses
que fazem barba cabelo e bigode. O primeiro foi o Mario Barbeiro, ainda em
Campos. Ele atendeu meu avô Waldir, meu pai Hernandes e a mim, primos e irmãos.
Ele me deu o passaporte que eu precisava pra sair de lá quando num canto da
barbearia entre pincéis, espumas e navalhas apregoou: “sai daqui Cacau, Campos
não dá mais”. Eu ouvi e vim pro Rio. Completamente trôpego de economias mas com
uma vontade imensa de não voltar e eis-me aqui ainda, contando trocados,
aventuras, amores e etc... Mas não perdi a minha guerra particular de me
estabelecer no Rio, graças ao conselho de um velho barbeiro campista.
Engraçado, sempre que viajo só registro um lugar, uma cidade, em meu itinerário
se nela eu fizer uma refeição, ir ao banheiro e fizer a barba num barbeiro
local, nada melhor pra sentir a temperatura cultural de um lugar do que ouvir o
barbeiro de lá. Tenho constatado nesses longos anos que os barbeiros do Brasil
inteiro não mudaram, continuam simpáticos, cordiais e profundos conhecedores da
sociologia da sua cidade, sem distanciamento crítico, eles são os mesmos.
Gostaria de chamar a todos de Mário Barbeiro, assim como Garrincha chamava os
marcadores de João e os amigos de Amizade, simplesmente por não se lembrar dos
nomes deles. Eu também chamo de Amigão a todos que não lembro o nome. Olha, não
estou me comparando a Garrincha, meu ídolo maior, assim
como Didi. Portanto, constato que os barbeiros não se modificaram e que não se
modifiquem jamais, este é o meu desejo. E tudo se deu ao contrário com as
cadeiras de barbeiro, que numa tentativa de designers modernosos de torná-las
mais bonitas ao longo dos anos, transformaram-nas em cadeiras de tortura, incômodas
e nada relaxantes. Os barbeiros só as superam e promovem o nosso antigo
conforto porque continuaram iguais em cortesia.
Já as cadeiras...
Eles, os babeiros, e eu merecíamos coisa melhor, ou melhor,
as cadeiras antigas, como as de antigamente, onde conversávamos e se fosse
nossa opção poderíamos até dormir!
Valeu Mario Barbeiro,
Obrigado!
Tonico Pereira.
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