sexta-feira, 25 de novembro de 2011

LIÇÃO AMAZÔNICA

Nem mesmo sei se é assim mesmo que a cultura no Amazonas é tratada, mas se for, como me garantiu o secretário Robério Braga, estaríamos vivendo uma realidade em que até os sonhos mais otimistas não teriam coragem de se exibir nos nossos sonos mais profundos.

Vamos lá, trata-se de um secretário que ocupa esse cargo há 15 anos (30 de serviço público), resistindo a diversos governos e partidos (PFL, PPS, PMDB, PMN, PSD), ou seja, podendo planejar e executar (como a contratação de músicos do leste europeu, sempre através de concursos que se dão a cada ano) sem ser vítima da política de Terra Arrasada, tão comum nos governos que conhecemos, onde ao assumir o poder, normativamente, abandonam projetos executados ou em execução, para começarem os seus, sem a grandeza de admitir que o que é bom deve ficar ou continuar. É isto um pecado econômico, e mais grave ainda, um pecado cultural, que vitimiza tão somente o povo, autor ativo e traído da nossa cultura.

Manaus não é assim (parece), tem um secretário que nos convida a um Festival de Cinema, que é capaz de tratar com honrarias um apenas coadjuvante do cinema nacional, com um currículo extenso, mas coadjuvante com muita honra (eu). Este mesmo secretário nos leva ao Museu do Homem do Norte, que guarda com importância e carinho o acervo de Noel Nutels, ou seja, acervo voltado para a preservação da cultura do povo indígena e tratado com o mesmo carinho ofertado no mundo aos acervos de Picasso, Van Gogh, entre outros. Com limpeza, aclimatação e verdadeiro respeito.

Tive a chance de visitar duas ocas feitas autenticamente por indígenas. Construídas com indicações do Sol e da Lua, ou seja, das suas culturas tão mais avançadas que a nossa. Ouvindo o relato do guia pude conhecer o mais lindo ritual de casamento, destes em que até eu me casaria. Vou tentar descrever: uma oca (oval), de um lado a entrada dos homens, do outro, a entrada das mulheres (isto no cotidiano e também no dia do casamento). A noiva se posta a cem passos da sua entrada e o homem também da sua. A cada passo dado pelo casal, ao encontro das suas expectativas casamenteiras, cada um tem de dizer um motivo pelo qual está se casando (não vale repetir), e quando chegam ao meio da oca, enfim se casam, mas não com uma assinatura, um sim, um beijo. Não, eles nus transam na frente de toda a aldeia, inclusive as crianças. Chego a imaginar, isto é que é compromisso.

Sendo assim, senhores políticos e respectivos partidos, entendam tudo isso como uma aula de administração pública e deixem no Amazonas o secretário de cultura desempenhar, com verdadeira eficiência, por mais 15 anos as suas funções. E que isso sirva de exemplo a todas as administrações estaduais e federais. Deixem que um apartidário e profissional desenvolva o trabalho que precisa ser feito para a preservação da nossa história.
Olha, e tem mais, muito mais!)

Amém.
Tonico Pereira.

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