sexta-feira, 15 de julho de 2011

ESCOLA


Um dia fui ao circo com Antonio e Nina, meus filhos menores. Lá vimos vários números arriscadíssimos, que envolviam a possibilidade presente e real de morte para seus executantes, os artistas. Deu-se o intervalo e, como num shopping, nos deparamos com uma praça de alimentação: pipoca, cachorro-quente, refrigerante, algodão-doce (ah, algodão-doce). E quem atendia nas barraquinhas? Quem? Os próprios artistas que se arriscavam por R$ 3,00 e um quilo de alimento não perecível. Esta era a concentração que exerciam para encarar de forma direta a morte que ronda os trapézios.

Enquanto isso, uma escola ‘moderna’ de interpretação (não contemporânea), que finge a morte, sem nenhuma possibilidade lógica de ela acontecer, propõe o silêncio, a abstinência total de qualquer razão, a sacralização, a abstração de um personagem que só se relaciona com ele mesmo, digno de um hospício, ah, que saco!...

Eu quero apenas um algodão-doce antes de entrar em cena, que me remeta à infância, e no palco encontrar um público amigo, para rirmos e chorarmos juntos.
T.P.

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