quinta-feira, 2 de junho de 2011

A QUEM INTERESSAR POSSA, ESPECIALMENTE AOS CAMPISTAS COMO EU.

Sede de Cabrunco,
Fome de Lamparão.


“...Campos dos
canaviais, folhas
verdes, finas,
estruturais...”


Isto é parte de um verso que escrevi quando saí de Campos dos Goytacazes. Saía chateado, até mesmo com raiva, achando que Campos não tinha me dado a oportunidade de crescer e chegar a algum lugar que eu tinha a insegura certeza de que poderia chegar. Vim pro Rio e tentei tirar Campos da minha cabeça, do meu corpo, da minha alma, e jovem ainda achava que estava conseguindo, desapercebido que todas as vezes que eu necessitava de uma referência cultural para meus trabalhos, no cinema, televisão e teatro, as minhas memórias emotivas e fundamentais eram: Ururau da Lapa, caldo e cana caiana, boi pintadinho, Deixa que eu chuto, Mocidade Louca, Goytacaz, Mercado de Campos, Paraíso Perdido, Chuvisco, Goiabada Casacão e também as curvas do Paraíba da Lapa.

Foi justamente aí que descobri que os cortadores de cana não tinham dinheiro para a pasta ou escova de dentes, mas descascavam cana de açúcar com os dentes e conseguiam o sorriso branco que só não era invejado pela elite, porque pra ela, eles simplesmente não existiam, ou seja: Campos me fomentou uma consciência que me faz seguir pelo mundo, ora cabrunco, ora lamparão, mas sempre Campista.

Tonico Pereira.

2 comentários:

  1. Que bonito!
    Tirar uma pessoa de Campos é fácil, mas impossível tirar Campos de dentro da pessoa...
    Beijão!

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  2. Ô cabrunco de texto bonito, sô! E foi publicado no Guia que edito (o Guia Cultura e Região). Quanta honra!
    Você é nosso orgulho, Tonico!
    Beijinhos e chuviscos!

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