Decididamente sou masoquista. Eu gosto da noite e, no entanto, ela cresce na minha cabeça como um monstro que me dilacera e devora, e ainda usa o meu próprio vinho B&b para temperar as minhas vísceras, tornando-as comestíveis e de paladar agradável. Por que isso se dá? Não sei, tentarei me lembrar desta pergunta para fazê-la ao meu psiquiatra. Só sei que a noite transforma meus sentimentos em fraturas expostas muitas vezes neste veículo demoníaco chamado Internet, e não me envergonho, não conseguiria jamais ser hipócrita a ponto de conviver em segredo com meus próprios devaneios. Ao contrário, espalho-os diante de um ventilador imaginário, só isso me deixa mais ou menos calmo, mais ou menos pleno, e então consigo dormir e esperar que outra noite venha de lá me atropelando e me colocando novamente em sangue diante da Internet. E esperarei as outras noites subsequentes, sedimentando o meu masoquismo noturno, até que numa noite, numa dessas noites me faça dormir para sempre, sem que o masoquismo se faça presente em minhas noites diárias.
Tonico, a coruja da Lagoa.