Sede de Cabrunco,
Fome de Lamparão.
“...Campos dos
canaviais, folhas
verdes, finas,
estruturais...”
Isto é parte de um verso que escrevi quando saí de Campos dos Goytacazes. Saía chateado, até mesmo com raiva, achando que Campos não tinha me dado a oportunidade de crescer e chegar a algum lugar que eu tinha a insegura certeza de que poderia chegar. Vim pro Rio e tentei tirar Campos da minha cabeça, do meu corpo, da minha alma, e jovem ainda achava que estava conseguindo, desapercebido que todas as vezes que eu necessitava de uma referência cultural para meus trabalhos, no cinema, televisão e teatro, as minhas memórias emotivas e fundamentais eram: Ururau da Lapa, caldo e cana caiana, boi pintadinho, Deixa que eu chuto, Mocidade Louca, Goytacaz, Mercado de Campos, Paraíso Perdido, Chuvisco, Goiabada Casacão e também as curvas do Paraíba da Lapa.
Foi justamente aí que descobri que os cortadores de cana não tinham dinheiro para a pasta ou escova de dentes, mas descascavam cana de açúcar com os dentes e conseguiam o sorriso branco que só não era invejado pela elite, porque pra ela, eles simplesmente não existiam, ou seja: Campos me fomentou uma consciência que me faz seguir pelo mundo, ora cabrunco, ora lamparão, mas sempre Campista.
Tonico Pereira.
Que bonito!
ResponderExcluirTirar uma pessoa de Campos é fácil, mas impossível tirar Campos de dentro da pessoa...
Beijão!
Ô cabrunco de texto bonito, sô! E foi publicado no Guia que edito (o Guia Cultura e Região). Quanta honra!
ResponderExcluirVocê é nosso orgulho, Tonico!
Beijinhos e chuviscos!