Hipocrisia*, não sei se é a palavra certa, talvez um pouco violenta, mas não me vem outra para definir o que acho de atores que visitam determinados ambientes para encontrar formas e maneirismos para compor os seus personagens. Isto, para mim, é apenas um escudo hipócrita, uma defesa para não admitir que o homem que ele é abriga todas as possibilidades dentro dele (o ser humano é capaz de tudo). Por melhor ou pior que sejam as solicitações de um personagem, o homem em si é a matéria-prima que alimenta essas necessidades e qualquer negativa de fornecer esta ou aquela matéria é uma discriminação com o ser humano, uma tentativa de se considerar melhor e superior as inúmeras possibilidades que só o ser humano pleno pode oferecer a ele mesmo. O resto é hipocrisia sim! E ao ator que assim agir e pensar só restará um personagem em toda a sua vida, ou seja, o hipócrita de plantão que existe dentro dele, discriminando as suas/minhas putas, cafetões, ladrões, assassinos, drogados, sapatões e veados, todos coabitantes da sua/minha alma. Essa discriminação é uma prática apenas moralista e não crítica que não deve habitar o homem e, mais ainda, não deve habitar aqueles que se pretendem artistas.
*A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, em ambos significa a representação de um ator, a atuação, o fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou, mais tarde, a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.
(fonte: wikipédia)
Tonico Pereira. Rato do seu próprio laboratório.
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