O ensino no Brasil, há muito tempo, não sobrevive em excelência, apesar da boa vontade de alguns (Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro). A má vontade de muitos, que não gerenciam bem a matéria, às vezes por falta de recursos, outras por falta de vontade política ou por desonestidade mesmo, impede a excelência de sobreviver na nossa rede de ensino. A partir dessa constatação, resumida e verdadeira, resolvi sonhar com um ensino autossustentável financeiramente e que se fizesse interessante o suficiente para a vontade política torná-lo prioridade e includente de todas as classes sociais, sem lançar mão de um raciocínio cotista e simplista onde habita o berço/raiz da discriminação. Ao combater uma discriminação não devemos usar outra como linha de pensamento contrário, mas sim lançar mão de horizontes mais largos, como um verdadeiro Mandela, líder sim de um povo e não de uma raça - se é que existem raças onde sobrevive o homem.
Vou tentar agora materializar meu sonho com o meu parco conhecimento matemático, mas tendo a imaginação que Deus me deu como aliada. Salve a imaginação!
Seria mais ou menos assim: todos os formados em universidades federais, estaduais e municipais passariam a contribuir através de um carnê, de valor insignificante e apenas simbólico para quem contribui, mas de altíssima significância para o ensino brasileiro, e que não excederia a 1% de um salário mínimo por mês durante todo o tempo de vida profissional útil do ex-universitário (desde que empregado). Recursos estes que deveriam ser gerenciados por uma fundação de abrangência nacional e revertidos sistematicamente em caráter exclusivo ao ensino fundamental, médio e superior. Transformando em cidadãos a nossa juventude e funcionando como contrapartida automática e justa sem lançar mão de recursos discriminatórios (cotas) que nos levam - aí sim - ao conceito e aceitação de cidadãos de segunda classe, que nós brasileiros temos de recusar peremptoriamente, pois o que queremos é sonhar e realizar a integração maior do nosso povo, não só no carnaval e no futebol, mas, principalmente, nas salas de aula, essência maior do cidadão.
Eu reconheço no ser humano a capacidade de ser fundamentalmente e prioritariamente uno e só por isso me encorajo a ponto de externar a minha posição sincera e sem subterfúgios, mas é claro que existem urgências que necessitam ser sanadas imediatamente. Que não poderiam esperar o tempo necessário para implantação desta proposta, portanto, até lá, poderíamos conviver com o sistema de cotas, desde que tenha um prazo de validade de alguns anos proposto por alguém de direito e conhecimento.
O resto é anomalia e ignorância. E, mais uma vez, se me permitem brancos, negros, índios, imigrantes em geral, pobres e ricos: viva Mandela!
TONICO PEREIRA, ator, orgulhosamente miscigenado.
Texto publicado no jornal O Globo, dia 09/05/2011, Página de Opinião.
VIVA MANDELA , querido e criativamente inquieto amigo, através do qual aprendi a admirar aquela cidade onde, bem próximo, em Atafona, o Paraiba deposita sua oferenda de grãos de areia no Atlantico
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