Nas minhas remotas lembranças a minha Campos é preto e branco. Meu avô era preto e branco, Dindinha era preto e branco, tio Antoninho cantava serestas no chuveiro e a música também era preto e branco. As cores foram entrando na minha vida aos poucos, gradativamente, mas nunca me sensibilizaram tanto quanto as matinês no Trianon. Oscarito e Grande Otelo (nada mais preto e branco), o Gordo e o Magro, Chaplin, Zorro, Roy Rogers, todos sem um pingo de cor, todos preto e branco. No Cine Capitólio, na rua da casa de Rosane Sampaio, onde nos reuníamos adolescentes para ver o filme do dia (seriado) e para trocarmos gibis, Fantasma, Zorro, Mandrake, etc, etc. Tudo preto e branco.
Certa vez, fui obrigado, por ser o mais velho, a levar meu irmão Zé Carlos ao cinema e como vingança elaborei a possibilidade de que uma flecha dos índios pudesse sair da tela e alcançá-lo na cadeira. Com um medo preto e branco, ele passou o filme todo agachado atrás da poltrona sem ver nada.
Querem saber, acho que não cheguei a me tornar colorido até hoje.
Eu sou um autêntico preto e branco.
Tonico.
Engraçado...minha infância me parece preto e branco também. depois, não. Muitas e muitas cores: vermelho vibrante, azul pálido, amarelo borboleta, dia preto nublado, água verde. Todas as cores e nuances. Medo preto e branco é muito bom, um achado.
ResponderExcluir