O ser humano que se espreme dentro de mim está, cada vez mais, sem espaço, graças. Isso porque jamais viveria sob o conforto obscuro do pensamento único, onde eu teria espaço o bastante, mas a parte ocupada o seria pela burrice, pela falta de pluralidade do próprio pensamento, por uma existência sem dar oportunidade a auto-critica e, principalmente, ao ato de antes de criticar uma sociedade, dar-se a oportunidade de muda-lá para melhor ou mesmo de ser mudado por ela também para melhor. Não somos exemplares, ninguém é sozinho, exemplar. Não podemos crer que só nós estamos certos ou poderemos chegar a uma nação que justifique Hitlers e Mussolines, Pinochets e outros mais próximos, que pela exigência dos seus governos de um pensamento único-este considerado certo e mais nenhum, onde a punição aos diferentes é a morte, a desonra, o isolamento. Sejamos, pois, plurais, sejamos inteligentes o suficiente para considerarmos que as possibilidades são muitas para um ser libertário e alguns até com veleidades artísticas. Aí sim, estaremos maduros para aceitar os vizinhos, as ruas, os países, o mundo e saibamos que o voto, ainda, é a maneira mais civilizada de transformação e será este voto de cidadão de qualidade, sem tiros, bombas, molotovs, tropas, que nos livrará do individualismo maestro que hoje tanto rege a esquerda, a direita e o centro. Superado isto, estaremos aptos a sermos uma verdadeira sociedade onde, claro, a igualdade talvez não nos será brindada, afinal, somos, por origem, diferentes, mas onde a justiça, a comida, a escola, a saúde e o transporte sejam bens comuns a todos e as diferenças sejam nossas, apenas nossas. Eu, por exemplo poderia me recusar a ter acesso à escola, outro, ao transporte, outro... Todos escolhendo o que lhes apetece, o que os faz felizes e aos outros também. Ao contrario, só nos levaria aos regimes bestiais do pensamento único, sem questionamentos tão saudáveis as nossas vidas.
TONICO PEREIRA (Se lhes servir, Compartilhem!)